terça-feira, 22 de outubro de 2013

O universo de Ridley Scott: de Alien a O Conselheiro do Crime



Alien, o 8º Passageiro (1979)

Dois anos após estrear na direção com o drama de guerra Os Duelistas (1977), estrelado por Harvey Keitel, Keith Carradine e Albert Finney, Ridley Scott chegou aos cinemas com Alien, o 8º Passageiro (1979), revolucionando o universo das ficções científicas.

O longa arrecadou US$ 104 milhões em todo mundo, algo impressionante para uma produção que custou menos de US$ 11 milhões. Seu principal diferencial foi o fato de trazer uma protagonista mulher (Sigourney Weaver). Isso sem falar numa criatura realmente aterrorizante, fruto de um trabalho sensacional de H.R. Giger.

Como veremos a seguir, a carreira de Scott deslanchou após Alien, mas o longa também seguiu bem sem o diretor. Foram realizadas três continuações (Aliens, O Resgate, Alien 3 e Alien - A Ressurreição) e dois spin-offs (Alien vs. Predador e Alien vs. Predador 2), todos sem o envolvimento dele, que Scott retornou ao universo de Alien mais de 30 anos depois com Prometheus, mas sobre este você terá que esperar mais um pouquinho por informações - é só continuar lendo a matéria!

Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982)

Comprovando toda sua visão e talento para a ficção científica, o primeiro filme de Scott após Alien foi simplesmente Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982), outro clássico do gênero. Passado num futuro próximo, mais precisamente em 2019, o longa traz Harrison Ford na pele de um ex-blade runner (policial de um esquadrão de elite) encarregado de caçar cinco replicantes, que são robôs fortes e inteligentes considerados ilegais na Terra após um motim em uma colônia. Ford é o grande nome do filme, que conta ainda com uma bela participação de Rutger Hauer e Daryl Hannah.

Orçado em US$ 28 milhões, Blade Runner faturou apenas US$ 32,8 milhões nas bilheterias dos Estados Unidos. Se considerarmos apenas o resultado, o longa poderia ser apontado como um fracasso, mas é inegável que a aura cult por trás da obra ajudou muito.

O filme promove inúmeras discussões até hoje, principalmente por causa da dúvida se o personagem de Ford seria um replicante. Existem correntes para todos os lados. Scott realizou nada menos que cinco versões de Blade Runner, volta e meia inserindo cenas, mudando a narração etc. Agora, parece que o cineasta resolveu deixar o clássico em paz e investir em uma continuação. Blade Runner 2 será um dos próximos projetos do diretor, tendo como principal novidade o fato de Ford não ser o protagonista, embora ele ainda deva ter uma participação.

A Lenda (1985)

Saindo da ficção científica para o mundo da fantasia, Ridley Scott realizou A Lenda (1985). O diretor apostou no jovem Tom Cruise para interpretar o protagonista Jack, um camponês que vive numa floresta repleta de seres fantásticos como unicórnios e fadas. Ele tem que proteger a princesa Lili (Mia Sara) do temido Senhor das Trevas (Tim Curry).

O filme ficou longe de ser um sucesso de bilheteria nos cinemas, mas acabou ganhando fama na televisão, principalmente no Brasil, onde se tornou uma espécie de clássico da Sessão da Tarde.

Legend (no original) recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Maquiagem. Scott se inspirou na versão de A Bela e a Fera de 1946, bem como nas lendárias animações Branca de Neve e os Sete Anões, Bambi e Fantasia.

Thelma & Louise (1991)

Após A Lenda, Scott realizou dois filmes menos badalados: Perigo na Noite (1987), com Tom Berenger e Mimi Rogers, e Chuva Negra (1990), com Michael Douglas e Andy Garcia. Mas foi em 91 que voltou a despertar a atenção do público e, principalmente, da crítica. Com Thelma & Louise, o diretor estreia no mundo dos road movies e brilha ao contar a história de duas amigas que deixam uma vida de monotonia para trás e botam o pé na estrada em busca de aventura.

O filme marcou as carreiras de Susan Sarandon e Geena Davis. Muita gente erra ao apontar o longa como a estreia de Brad Pitt nas telonas, tendo em vista que ele já tinha atuado em várias outras produções. Mas, sem dúvida, Thelma & Louise foi o primeiro trabalho marcante do ator, embora seu papel seja um mero coadjuvante na história.

Orçada em US$ 16,5 milhões, a obra faturou US$ 45 milhões apenas nos Estados Unidos. Recebeu seis indicações ao Oscar, tendo conquistado a estatueta da Melhor Roteiro para Callie Khouri.

1492 - A Conquista do Paraíso (1992)

Ridley Scott sempre foi um diretor sem medo de se arriscar, como mostra a incursão por inúmeros gêneros. Mas ao assumir tantos riscos, era de se esperar que volta e meia errasse feio. Muitas vezes, os erros foram amenizados pelas bilheterias, mas este não foi o caso de 1492 - A Conquista do Paraíso.

O diretor tentou realizar um épico histórico sobre o descobrimento da América, mas teve sérios problemas. O longa custou US$ 47 milhões e faturou, durante toda a carreira nos EUA, míseros US$ 7,1 milhões.

Trazendo Gérard Depardieu como Cristóvão Colombo, 1492 foi lançado no ano em que se comemoravam os 500 anos de descobrimento. No filme, Scott reencontra com sua tenente Ripley, Sigourney Weaver, que aqui interpreta a rainha Isabella.

Até o Limite da Honra (1997)

Em 1997, Ridley Scott fez as pazes com as bilheterias. Ele viu seu Até o Limite da Honra arrecadar aproximadamente US$ 100 milhões nos cinemas mundiais. Apesar disso, o filme não cativou a crítica, recebendo inclusive uma indicação ao Framboesa de Ouro de Pior Atriz para Demi Moore.

Ratificando a coragem do cineasta, o longa pegou um dos maiores símbolos sexuais da década de 90 e o descontruiu. Apesar das críticas, Moore tem uma atuação intensa (e careca). A história gira em torno da rotina de uma mulher no exército norte-americano.

Viggo Mortensen e Anne Bancroft completam o elenco da produção.

Gladiador (2000)

Após Thelma & Louise, o diretor ficou alguns anos afastado das grandes premiações. Isso mudou no ano 2000, quando lançou Gladiador. O filme conquistou cinco prêmios no Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Russell Crowe. Scott, no entanto, teve que se contentar com uma indicação. Ele, inclusive, nunca levou uma estatueta de Melhor Diretor para casa, tendo concorrido três vezes (Gladiador, Falcão Negro em Perigo e Thelma & Louise).

Último trabalho do veterano Oliver Reed, que faleceu vítima de um ataque cardíaco durante as gravações, Gladiator (no original) é até hoje a maior bilheteria da carreira de Ridley Scott, arrecadando quase US$ 460 milhões nos cinemas de todo mundo.

Crowe interpreta Maximus, um comandante do exército romano que passa a ser perseguido após a morte do imperador Marcus Aurelius (Richard Harris). Joaquin Phoenix, Connie Nielsen, Derek Jacobi e Djimon Hounsou completam o time. Hoje, é difícil imaginar o longa sem Russell Crowe, mas ele não foi a primeira opção do diretor. Scott queria Mel Gibson, que recusou por não querer se envolver em uma temática parecida com a de Coração Valente.

Hannibal (2001)

Com o sucesso de público e crítica de Gladiador, Scott tinha carta branca para fazer o que quisesse. Estranhamente, optou por uma continuação do ótimo O Silêncio dos Inocentes. Sem Jodie Foster, o diretor não conseguiu realizar uma obra que fizesse justiça ao original, que é um dos poucos filmes da história a conquistar os cinco principais prêmios do Oscar (Melhor Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro).

Hannibal está longe de ser uma bomba, trazendo boas atuações de Gary Oldman e Julianne Moore, embora seja impossível não compará-la com Foster. Anthony Hopkins está excelente como Lecter, mas é inegável que seu personagem perde força ao deixar de lado o terror psicológico e partir para a ação.

Mesmo desagradando a crítica e os fãs do clássico vilão, o longa se saiu bem nas bilheterias. Com US$ 351 milhões arrecadados em todo mundo, Hannibal se tornou o maior faturamento da franquia.

Falcão Negro em Perigo (2001)

Após errar com Hannibal, Ridley Scott resolveu partir para a guerra e realizar Falcão Negro em Perigo. O filme não conta com uma história elaborada ou atuações históricas, mas é difícil não se empolgar e se envolver com as sequências de ação. Com efeitos especiais e sonoros de primeira qualidade, o longa talvez seja um dos mais bem dirigidos pelo cineasta.

Também vale destacar a edição frenética, que abocanhou um dos dois prêmios Oscar da produção. Scott foi indicado, mas não levou. Nas bilheterias, o resultado foi apenas razoável, tendo faturado US$ 170 milhões diante de um orçamento de US$ 92 milhões.

Josh Hartnett, Ewan McGregor, Tom Sizemore, Eric Bana, Jason Isaacs, William Fichtner e Jeremy Piven são algumas das várias caras conhecidas do elenco.

Cruzada (2005)

Buscando repetir o sucesso de Gladiador, o diretor retornou aos épicos históricos com Cruzada. E o resultado não foi nada satisfatório. Orçado em US$ 130 milhões, o filme arrecadou apenas US$ 47 milhões nos Estados Unidos e só não foi um fracasso total por foi salvo pelos US$ 164 milhões das bilheterias do resto do mundo.

Com um protagonista que vinha em alta após O Senhor dos Anéis e Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra (Orlando Bloom), Cruzada decepcionou em vários sentidos. Foi o primeiro roteiro escrito por William Monahan, que depois ganharia o Oscar por Os Infiltrados.

O elenco conta ainda com as presenças de Liam Neeson, Eva Green, Jeremy Irons, Brendan Gleeson e Edward Norton.

Um Bom Ano (2006)

Se fizermos uma lista dos melhores trabalhos de Ridley Scott, dificilmente Um Bom Ano marcaria presença, uma vez que é uma produção bem menor do cineasta. No entanto, não é complicado achar admiradores do filme, que conta uma história simples e delicada sobre um homem de negócios que herda uma vinhícola na França e se reconecta com a infância.

O longa marca a retomada da parceira com Russell Crowe, que na sequência trabalharia mais três vezes com o diretor. O elenco conta ainda com a presença de uma deslumbrante e, até então, desconhecida Marion Cotillard.

Um Bom Ano pode ser considerado um fracasso retumbante de bilheteria, uma vez que faturou menos de US$ 10 milhões nos Estados Unidos. Quem gosta de um filme leve, divertido e com romance, entretanto, tem tudo para se deliciar.

O Gângster (2007)

Mais uma vez Scott e Crowe se reúnem para um longa, mas desta vez contam com a companhia de um ótimo Denzel Washington. O Gângster gira em torno de Frank Lucas (Washington), um chefe do tráfico que é perseguido pelo honesto detetive Richie Roberts (Crowe).

É curioso ver Ridley trabalhando com Denzel, afinal o ator está acostumado a participar das produções de outro Scott. O ator marcou presença em cinco longas de Tony Scott: Maré Vermelha, Chamas da Vingança, Déjà Vu, O Sequestro do Metrô 1 2 3 e Incontrolável.

O Gângster faturou US$ 265 milhões em todo mundo e conquistou duas indicações ao Oscar.

Rede de Mentiras (2008)

Com a mania das distribuidoras brasileiras de lançarem os concorrentes ao Oscar sempre em janeiro ou fevereiro, em 2008, acabamos tendo dois filmes de Ridley Scott em um mesmo ano. Além de O Gângster, o ano citado contou com a estreia de Rede de Mentiras.

Com Leonardo DiCaprio e Russell Crowe à frente do elenco, a produção aborda um tema muito discutido nos Estados Unidos: o terrorismo. Na verdade, vai além ao mostrar um pouco como funciona a "indústria da espionagem".

O longa é bom, mas também decepcionou nas bilheterias norte-americanas, onde faturou US$ 39 milhões. Mark Strong, Oscar Isaac e Golshifteh Farahani também integram o time de intérpretes.

Robin Hood (2010)

Se a volta aos épicos com Cruzada não deu certo, Scott resolveu apostar em uma trama clássica para investir novamente no gênero. Em Robin Hood, o diretor conta em forma de aventura a história do ladrão que rouba dos ricos para dar aos pobres, mas com menos assaltos e mais ação. Como não poderia deixar de ser, Russell Crowe foi o escolhido para viver o personagem-título.

O longa conta com ótimos efeitos especiais e também chama a atenção por causa da direção de arte e do figurino. O elenco traz ainda nomes como Cate Blanchett, Max von Sydow, Danny Huston, Vanessa Redgrave e Léa Seydoux.

Robin Hood foi bem em sua carreira nas telonas, tendo faturando US$ 321 milhões. O problema é que o orçamento de US$ 200 milhões acabou diminuindo a margem de lucro.

Prometheus (2012)

Mais de 30 anos após Alien, Scott decide retornar ao universo da franquia para realizar Prometheus. Inicialmente vendido como um prelúdio, o longa não tem uma ligação direta com o clássico da ficção de 79, mas existem algumas semelhanças importantes.

Estrelado por Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Idris Elba, Patrick Wilson e Guy Pearce, o filme funciona muito como ficção científica, falhando apenas ao tentar aprofundar um debate religioso.

Faturou ótimos US$ 51 milhões em seu final de semana de estreia nos Estados Unidos, o que foi o bastante para fomentar a realização de uma continuação.

O Conselheiro do Crime (2013)

Logo após o sucesso da ficção científica Prometheus, Ridley Scott retornou ao universo de mafiosos, traficantes e manipuladores em O Conselheiro do Crime. O diretor conseguiu reunir um elenco impressionante, com Michael Fassbender, Brad Pitt, Javier Bardem, Penélope Cruz e Cameron Diaz, para contar a história de um advogado envolvido no perigoso mundo das drogas. O roteiro ficou por conta de outro especialista nas histórias sombrias: Cormac McCarthy, autor de Onde os Fracos Não Têm Vez.

O filme já desponta como um dos possíveis indicados ao Oscar 2014, e tem a sua estreia marcada tanto nos Estados unidos quanto no Brasil para o dia 25 de outubro.

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