quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Top 10 séries injustiçadas de 2013



Uma lista de quem não costuma entrar em listas.

A avaliação da qualidade das coisas no mundo real, concreto, costuma ser muito mais acessível do que as do mundo interior. Para avaliar o desempenho de coisas que se usam ou se ligam em tomadas, existem instituições, estudos e até selos. No entanto, na hora de julgar os aspectos lúdicos da vida, entra em cena uma palavra maldita, pouco comprometida, usada com um trunfo maligno ou como uma lufada de bom senso… A palavra é “subjetividade”.

Não é nada complicado ter certeza de que um fogão funciona do jeito que tem que ser, mas não podemos dizer que todos os “especialistas” em entretenimento e dramaturgia, saibam com 100% de certeza que um trabalho no cinema, no teatro ou na televisão, seja absolutamente perfeito. De fato, nada nesse universo da ficção é absoluto e muito menos perfeito. E não é, justamente porque em algum lugar do globo, alguém terá um ponto de vista válido para desmerecer esses títulos. A subjetividade é maldita porque ela é uma cartada aniquiladora: a partir do momento em que um discorda, o objeto da avaliação perde qualquer chance de ser 100% bom. Isso, é claro, se levarmos em conta que não existe verdade absoluta… E por Deus, ela não deve mesmo existir.

Ainda assim, a cabeça dos críticos parece seguir numa sintonia bem regular. É chegar dezembro e Janeiro e as listas surgem para premiar as obviedades da televisão. Vejam bem, não é uma crítica, até porque não tinha mesmo como ser diferente. Mas, pensando friamente, quem não sabia que Breaking Bad receberia todos os títulos? Que Bates Motel seria considerada uma estreia perfeita? Que The Good Wife teve o melhor início de temporada de toda sua história? Esses são trabalhos que merecem todas as louvações, mas que não surpreendem em nada quando ocupam posições em rankings de qualidade.

Por isso, eu e alguns amiguinhos aqui do site resolvemos criar uma lista de séries que tem um pouco de dificuldade de aparecer em listas. Levei em consideração muita coisa que não apareceu nas listas daqui mesmo, mas que também pode NÃO SER VISTO em muitas listas oficiais por aí. Então, se você é fã daquela série ótima que nunca recebe o carinho que merece, junte-se a nós e vamos festejar as injustiças da tal… Subjetividade.

CATEGORIA FINAL SEASON INJUSTIÇADA

“Spartacus: War of the Damned”
Talvez por ter ido ao ar tão no início do ano, a última temporada de Spartacus tenha ficado no limbo da memória das pessoas. Mas não existe injustiça maior, já que essa foi, sem dúvida, uma temporada que só coroou a dramaturgia dessa série. Em três anos (e um interlúdio), Spartacus demonstrou completo domínio de sua trama, de seus personagens, de sua estética, transformando a Roma de seu tempo em um cenário de cores quentes e cheio de fotografias potenciais. Absolutamente lúdico e mesmo assim, totalmente crível.

Com um investimento em novas figuras históricas como Crassus e Caesar, a última temporada se fez segura, sem nos provocar nenhum saudosismo de deliciosas personas como Lucretia e Ilythia. E o fez com uma verdadeira aula de planejamento, saindo do plot da vingança (que nomeou a temporada anterior) para o movimento social propriamente dito. Em lindos 10 episódios, fez história no canal Starz e na vida de cada espectador que a assistiu.

Não mencionar War of the Damned como um trabalho de extrema competência, seria a maior injustiça de todas, sem dúvida. Cada escolha desse último ano foi pensada com zelo e ousadia e o resultado foi um Series Finale que jamais será superado por nenhuma outra série histórica. 2013 foi o ano em que tivemos que nos despedir de Crixus, Gannicus e Agron, mas também foi o ano em que nós, como fãs, tivemos a maior recompensa de todas: o respeito e o amor de um time de roteiristas que nos fez feliz como poucos foram capazes de fazer.

CATEGORIA COMÉDIA INJUSTIÇADA

“The Middle”
Acho que podemos dizer que The Middle é referência quando se trata de bullying com séries de comédia. Ofuscada pela sua companheira de ABC, Modern Family, que reina nas premiações desde sua estreia, The Middle seguiu seu caminho com percalços até 2013, ano em que alcançou o auge em sua qualidade. O ano passado trouxe várias possibilidades para a série e esses novos ares têm feito um bem que me arrisco a dizer que até eu, que tenho The Middle como comédia favorita, duvidei que iria acontecer de maneira tão eficaz.

Em 2013, vimos Brick finalmente crescer e se tornar um adolescente. Percebemos que Atticus Shaffer tem se esforçado para mostrar um Brick mais envolvido com os dilemas da puberdade e, por consequência, menos weirdo. Considero que a mudança tem sido um pouco brusca, afinal, passei 4 temporadas considerando o irmão mais novo dos Heck como um ser assexuado, mas acredito que os roteiristas continuarão dando um jeito de efetuar essa transição de uma maneira factível para a série. E falando em coisas factíveis para a série, pela primeira vez podemos perceber mudanças também em Sue. Na verdade, eu tenho a impressão de que só eu estou vendo isso, mas acho que podemos dizer que, nesta quinta temporada, o anjo dos Heck finalmente está se tornando menos ingênuo e mais verossímil, sem perder a doçura, a inocência e a esperança que construíram o personagem e o colocaram dentro dos nossos corações desde 2009. Ah, vale dizer também que a fantástica Eden Sher finalmente ganhou alguma porcentagem do reconhecimento que merece ao receber o Critics’ Choice Television Awards de Melhor Atriz Coadjuvante em Comédia no ano passado. You go, girl!

Frankie e Mike continuam tendo um casamento lindamente marcado pelo companheirismo e pela sintonia, e percebo que Frankie tem estado menos neurótica com sua vida não tão American Dream, enquanto Mike se mostra mais interessado nas esquisitices dos seus filhos. Por último, acho que a maior mudança que o ano de 2013 trouxe para a série foi a ida de Axl para a faculdade. Sério: eu não consigo parar de ficar positivamente chocada com a maestria com que os roteiristas estão tratando essa nova narrativa. Posso dizer que adorei todos os plots do Axl nesta quinta temporada, seja ele sofrendo bullying na faculdade, quase reprovando as disciplinas ou recebendo a visita dos seus incomparáveis amigos Sean e Darrin. Essa nova realidade também tem trazido muitas oportunidades para Charlie McDermott brilhar, e ele tem me surpreendido com sua atuação ao mostrar um Axl ainda egoísta, porém mais maduro e consciente.

Para terminar essa análise de The Middle em 2013, destaco dois episódios que marcaram nesse longínquo ano: The Smile (4×14 – Mid-Season), que fez nosso reviewer Thi Lourenço derramar muitas lágrimas com a demonstração do que Sue Heck tem de melhor, e The 100th (5×04 – Fall Season), que celebrou o 100º episódio da série e o 100º aniversário da cidade de Orson, lar da nossa família Heck e palco de todas as esquisitices que acontecem dentro dela, mas poderiam acontecer dentro da nossa própria casa. E é isso que faz The Middle uma das comédias mais injustiçadas não só de 2013, mas desde 2009: sua maestria em colocar na tela situações que são reais no nosso próprio dia-a-dia, mas com uma magia que defende que, não importa o que aconteça: você faz pela família.

CATEGORIA SÉRIE CANCELADA INJUSTIÇADA

“Don’t Trust The Bitch in Aparment 23”
Se tem uma coisa que faz com que nossos corações sejam despedaçados é ver uma série boa ser engolida pelo cancelamento precoce. Sabemos que ela vai terminar pela razão mais terrível do mundo, que é aquela que em nada tem a ver com sua execução: o público tímido, incapaz de fazê-la permanecer na grade. É como ver o melhor da televisão escorrer pelo ralo sem que possamos fazer nada a respeito. Até porque, nem nossa audiência brazuca podemos dar.

Apartment 23 sempre foi um achado. Nesse mar de comédias familiares que nos assola desde que Modern Family passou a existir, ela tentava se impor com originalidade, se apoiando numa temática de relacionamentos, mas sob perspectivas muito mais maliciosas e cínicas. Isso, é claro, tendo ainda a debochada presença de James Van Der Beek, numa interpretação de si mesmo que MERECIA muito a notoriedade da crítica americana.


Em sua segunda e última temporada, a ABC fez uma bagunça com a série. Os episódios foram exibidos num descaso com a ordem tão grande, que víamos personagens interagindo com as protagonistas sem entender como eles haviam chegado ali. Era quase como ver Lost e ter que montar mentalmente a linha do tempo dos eventos. Ainda assim, a qualidade desses episódios era tão imensa, que isso acabou ficando em segundo plano, sendo só mesmo um indicativo de que sim, ela seria mesmo cancelada.


O episódio final foi um desbunde, mas oito foram engolidos pra ele ir ao ar. O canal disponibilizou tudo online e ao assisti-los, a dor é maior ainda. A ironia, a ousadia, as participações insanas, o texto inteligente e rápido, tudo ali, em protuberâncias. Sinto quase uma tristeza palpável ao ver nada daquilo sendo reconhecido como deveria… Apartment 23 foi uma comédia feita para gente esperta, sagaz, foi um programa que tentou fazer sua história sem reproduções e fórmulas de sucesso.

Infelizmente, não conseguiu. Mas quem não teve a oportunidade de conhecê-la ainda, corra.

 Produções assim são raras na televisão e não mereciam todas as injustiçadas que lhes são destinadas.


CATEGORIA SÉRIE BRITÂNICA INJUSTIÇADA

“In the Flesh”
Imagine um mundo tomado por zumbis e… Não, espera, isso você já imagina… Ok, então vá um pouco mais adiante e pense num mundo em que os zumbis foram dominados e uma espécie de “cura” os devolveu suas consciências. Seus corpos continuam mortos e eles precisam tomar controladores o tempo todo, mas suas mentes voltam a civilizar-se, provocando uma nova espécie de patologia .humana: a culpa zumbi. Uma série assim tem como dar errado? Claro que não.


Infelizmente, nem todo mundo pensa assim e In the Flesh, mesmo com essa premissa fantástica, ficou esquecidinha pela maioria das pessoas e em todas as listas que tive acesso. Com apenas 3 episódios, o drama do zumbi recém-reestruturado Kieren conquista logo de cara, ainda que a série tenha um ritmo mais lento. Essa premissa ótima ganha contornos FANTÁSTICOS quando inseridos na rotina do protagonista, que vive numa cidade intolerante aos seres, e que não acredita em suas boas intenções. A retomada de consciência o faz ter que lidar com a própria morte, com as pessoas que devorou e com suas questões mal resolvidas, que incluem – pasmem – uma relação homoafetiva.
In the Flesh ganhou uma segunda temporada de seis episódios que estreia esse ano e eu já espero ansioso pra saber como tudo vai continuar a se desenrolar… Esse trabalho é, sem dúvida, a melhor abordagem do tema desde The Walking Dead (em seus melhores momentos), e isso se deve à corajosa decisão de abordar o apocalipse zumbi pela perspectiva da própria criatura. E ao fazê-lo, escolher o minimalismo dessa interpretação, fugindo da grande eloquência habitual e entregando um produto de extrema beleza e sensibilidade.


CATEGORIA REALITY SHOW INJUSTIÇADO

“RuPaul’s Drag Race”
Esse é um campeão de injustiças. Uma delas foi corrigida no ano de 2013 com uma tímida indicação ao Critic Choice Awards. Mas, até que isso acontecesse, a competição para encontrar a próxima estrela Drag da América permaneceu nas sombras, lá no canal Logo, silenciosamente prestes a ser um dos maiores fenômenos cult da internet.

Pra quem não sabe, a poderosa e mais bem sucedida Drag Queen do mundo, RuPaul, criou essa disputa insana, em que 13 drags passam 14 semanas competindo pelo referido título e pelo prêmio em dinheiro que começou com 20 mil dólares e agora já está em 100. 2013 foi um ano lindo para o show, que em sua quinta temporada, alcançou o apogeu de sua qualidade e popularidade, sendo defendido por personalidades e celebridades, e ganhando muito mais audiência do que a LogoTV jamais achou que poderia ganhar.

O programa funciona como um Projetc Runway mais divertido. Cada drag precisa cumprir desafios de costura, de interpretação e humor, para garantir sua permanência na competição. A cada semana, uma é eleita a vencedora do desafio e duas ficam entre as possibilidades de eliminação. Essas, precisam fazer uma dublagem de um sucesso pop (o que é parte do trabalho de uma drag) resultando na eliminação de uma (o sashay) e na permanência da outra (o shantay).

No início, o programa parecia só um devaneio de RuPaul, mas aos poucos, além do talento das competidoras começar a aparecer, a estrutura do show se estabeleceu como uma das mais deliciosas de todos os tempos, se tornando um verdadeiro ícone de cultura pop e de ousadia televisiva. Como com quase tudo na TV, a rotina drag foi se correlacionando com a vida, e os problemas da nossa sociedade vieram à tona de modo cauteloso, sem julgo e sem clichê. A cada temporada, o universo das drags (que precisam ser homens durante o dia, ou não podem ser chamados de drag) se tornava mais e mais complexo e conseguia isso nos fazendo rir, o que é ainda mais maravilhoso de se ver.

Em 2013 a quinta temporada foi toda de embates. Vimos Alyssa Edwards e Coco Montresse antagonizarem e resolverem suas mágoas do passado. Vimos Roxxxy, a drag de concursos de beleza, afundar na inveja e no rancor pelo talento de Jinkx Moonson, a drag das artes dramáticas. Uma deliciosa disputa entre beleza e intelectualidade, que se finalizou da maneira mais eletrizante possível. Nesse ano, nunca foi tão injusto que RuPaul’s Drag Race não aparecesse em listas de melhores realities shows, porque nenhum deles, de nenhuma categoria, tem metade do carisma, da originalidade, da força e do talento que ele tem.


CATEGORIA SÉRIE NACIONAL INJUSTIÇADA

“Pé na Cova”
Não sei o que houve com a imprensa brasileira em 2013, mas me surpreende que Pé Na Cova, recente investida seriada de Miguel Falabella, não tenha sido ovacionada pelos círculos mais esclarecidos do entretenimento, visto que de tudo que se vê por aqui, nesse gênero, ela é definitivamente a mais interessante. E vamos esquecer Falabella e seu legado de comédias escrachadas. De tudo que ele já fez, Pé Na Cova é seu trabalho mais conciso, controlado e – vejam só – intelectualizado.
 
Nossa Six Feet Under não poderia ser mais debochada. Russo comanda no Irajá (Irá-Já) a funerária Fui, que como tudo nesse subúrbio de meus Deus, funciona a troncos e barrancos. Porém, como em todo bom trabalho de dramaturgia que se preze, isso é só uma desculpa para destilar ironia e malícia no que se vê no âmago da nossa sociedade. Fã de tipos marcados, Falabella se contém em respeito à suas alegorias criativas. Assim, na boca de tipos loucos como Marcaça e Luz Divina, ele vai colocando meias-verdades, pitadas de filosofia involuntária, tudo regado a uma sempre impressionante compreensão dos hábitos e trejeitos da vida suburbana.
 
Pé na Cova fez duas pequenas temporadas em 2013 e nas duas, manteve o ótimo trabalho. Por vezes, parecia que a complexidade vinha sem querer, que a beleza em meio ao caos da pobreza era uma intrusa… Mas Falabella sempre teve um pé nas partes boas dos clichês cotidianos. Seu texto privilegia a naturalidade e a identificação… E se nada disso te convence, assista a uma cena com Marília Pera e se deleite com uma das melhores construções de personagem que vimos nesse ano que passou.
 
CATEGORIA RECUPEREI A DIGNIDADE

“Once Upon a Time”
Há pouco mais de dois anos, os produtores de Lost (que deixam bem claras suas referências à extinta série da ilha perdida) se perguntaram “e se a gente pegar todos os personagens de contos de fadas, jogar no liquidificador e transformar tudo em uma série muito louca?”. Dessa ideia baseada em uma modinha de recontar histórias infantis naquele ano de 2011, surgiu um dos hits menos esperados da temporada: Once Upon a Time. Aquela lindeza toda de destrinchar a profundidade emocional de vilões como Regina e Rumple, adicionada ao fato de contarmos com novas versões da mesma história acabou por sobressair os efeitos especiais bem aquém do que poderíamos esperar. A partir daí, nossos corações já estavam conquistados.

Acontece, entretanto, que entregaram o ouro cedo demais. Por finalizar a primeira temporada quebrando a maldição de Regina, o segundo ano ficou meio que sem muito pano pra manga. Por isso, seus episódios ficaram fraquinhos e suas histórias deixaram muito a desejar. Além disso, a saída de Meghan Ory (Red/Ruby), que era uma das queridinhas do público e preferiu ganhar um destaque maior na nova produção Intelligece, que está para estrear nessa midseason, deixou nossos corações cheios de buraquinhos.

Para nossa sorte, nosso lostmaníaco Adam Horowitz deu a volta por cima e produziu uma terceira temporada linda com novos personagens muito loucos como Pedro Pã e Ariel, além de chutar o pau da barraca transformando minha princesa favorita Aurora (porque todo mundo tem uma princesa favorita) em uma sapat…ilha linda.

Apesar de a série ainda ter muito trabalho pela frente para consertar o estrago de seu segundo ano, muito já foi feito. Portanto, ainda estamos em tempo de morrer de amores por Storybrooke, Far Far Away e todo o belíssimo universo de Once Upon a Time.
 
CATEGORIA ESTREIA INJUSTIÇADA

“Devious Maids”
Se é pra fazer jus ao fato de ter uma lista onde certas eleitas jamais estariam, vamos ser ousados e colocar Devious Maids no meio dela. Sim, porque se tem uma coisa maldita aos olhos da crítica americana especializadas, é o que eles chamam de “dramalhão mexicano”. Não deveria haver nenhuma ofensa nisso, visto que em meio aos exageros habituais, esse tipo de estética só maximiza aspectos sociais legítimos.
 
E quando falo que esse tipo de série é maldita, é porque é maldita mesmo. Logo depois de estrear, Devious Maids enfrentou gente furiosa com o que seria a “perpetuação do estereótipo”. Eva Longoria, produtora da série, teve que vir a público defender seu peixe dizendo aquilo que todo mundo no fundo, sabe: os estereótipos são reflexos diretos de como a sociedade funciona e segrega. Sob essa perspectiva, não há como não ver as empregadas domésticas latinas com pelo menos 50% de material humano sólido em suas criações.
 
Criada por Marc Cherry, que revelou ao mundo um ângulo feminino ousado em Desperate Housewives, a série não se priva de suas raízes efervescentes. Por mais que a eloquência seja parte da gênese da descendência latina, estamos na América, e o programa se esforça para incorporar em sua estética, uma busca sincera por seriedades. Assim, o mundo das protagonistas não é só de música nativa e vozes em tons estridentes… Seus dramas pessoais são sinceros e o desnível de suas posições naquela sociedade obscura, acabam funcionando perfeitamente pra nós.
 
Assim como em Desperate Housewives, um mistério pautou toda a primeira temporada, que mesmo em sua resolução ligeiramente esperada, não ofuscou a boa construção dos seus personagens. Por isso, ignorar o apelo de vilões como os Powell ou o deboche de evoluir a trama até um ponto onde o próprio título vira uma ironia, é uma grande injustiça. Muito do que mais nos diverte no nosso tempo em frente a TV, parte de séries que se movimentam sem pretensão e que, exatamente por isso, nos atingem sem que tenhamos tempo de perceber o que está acontecendo. Acho que isso é muito digno de premiações e menções, e por isso Devious Maid tem seu lugar aqui.
 
CATEGORIA DRAMA INJUSTIÇADO

“Person Of Interest”
Apesar de ser estruturada em episódios com “casos da semana”, classificar Person of Interest como um simples procedural é certamente o maior insulto que pode ser feito aos fãs da série. Contudo, é exatamente essa rotulagem o maior e mais provável motivo que não permite a ela expandir sua base de fãs e, consequentemente, não figurar em nenhuma lista de melhores de 2013.

No entanto, POI é muito mais do que um simples procedural. Desde seu início a série utiliza os casos como uma maneira de contextualizar diversas tramas e mistérios, respaldados sempre por roteiros consistentes, ótimos atores, personagens extremamente bem desenvolvidos e uma combinação acertada de ação, suspense e até mesmo algumas boas doses de humor, sendo que em 2013 essas características não só foram mantidas como ainda ampliadas, culminando em um segundo semestre que entregou o melhor início de temporada de toda a série.

E que terceira temporada magnífica! A partir do 5º episódio POI praticamente não deu tempo para os fãs respirarem, numa incrível sequência de episódios eletrizantes em que ação e suspense foram contrabalanceados com momentos de espanto, dor e tristeza. Em especial, os episódios 3×09 (The Crossing) e 3×10 (The Devil’s Share) foram provavelmente os dois melhores já exibidos por Person of Interest, indicando que Jonathan Nolan (criador e showrunner de POI) e sua equipe possuem a coragem e destreza necessárias para alterar os rumos da série a qualquer momento, impedindo-a de tornar-se repetitiva e cansativa e fazendo com que os momentos de suspense nos episódios sejam ainda mais tensos para os fãs, afinal, depois dessa temporada sabe-se que em Person of Interest nenhuma possibilidade pode ser descartada.

CATEGORIA INDIFERENÇA JUSTA

“The Walking Dead”
Essa última categoria funciona quase como uma menção honrosa… Acredito que The Walking Dead lidera um caso interessante de perda de prestígio óbvio, tornando-a incapaz de ser escolhida entre os melhores, mas ao mesmo tempo, sem decair o suficiente pra aparecer em listas dos piores. Ela ficou ali, no meio do caminho, nem boa demais e nem ruim demais, salva nos últimos minutos por um midseason finale que deveria ser seu hábito e não sua exceção.

É bem verdade que ela já vinha com problemas de ritmo desde o segundo ano, mas depois de um festival de covardias, o povo se cansou. A terceira temporada terminou sem clímax, insistindo na sobrevivência de um vilão que todo mundo sabia que era transitório e num cenário que mesmo em frangalhos, teimava em resistir. Tudo isso pra perder metade do quarto ano dando voltas e mais voltas, sem nenhum verdadeiro ponto de interesse.

Se o episódio final de 2013 tivesse sido o último do ano 3, The Walking Dead tinha grandes chances de retomar as listas de melhores do ano. De fato, o início do quarto ano foi tão inútil, que dramaturgicamente falando, esse pulo não provocaria nenhuma perda significativa de conteúdo.

Foram horas e horas de contemplação, de filosofia tola e de tensões desperdiçadas. E se o midseason finale funcionou tão bem, é porque esses sintomas estavam sendo sentidos até por quem resistia a admitir.

Assim, terminamos nossa lista de injustiças (e de uma pequena justiça) com um amor renovado por cada um desses títulos. Sempre digo que o melhor do mundo é a unanimidade ser impossível. Por isso, chegou sua vez de se pronunciar a respeito. Será que houve injustiça até na lista dos injustiçados?

Fonte: 1
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