"Não sou um grande admirador da ficção científica", disse Harrison Ford
em 1977, logo depois das filmagens do primeiro "Star Wars", uma das
mais celebradas sagas do cinema, aqui no Brasil batizada de "Guerra nas Estrelas".
Nem Han Solo da saga, nem Rick Deckard de "Blade Runner" o fizeram
mudar de ideia: Harrison Ford não se empolga com ficção científica, mas
mesmo assim volta agora ao gênero em "Ender"s Game - O Jogo do
Exterminador".
"Esse gênero não tem nada a ver com o meu trabalho. Não me interesso
por ele. Não sou um grande admirador da ficção científica", disse em
Madri a um grupo de jornalistas durante a divulgação do filme, baseada
no best seller de Orson Scott Card e adaptada para os cinemas por Gavin
Hood.
Apesar ser um mito de Hollywood, ou exatamente por isso, Ford se
empenha em minimizar o seu trabalho e ressaltar que o cinema é uma
indústria como outra qualquer.
A modéstia do discurso se manifesta também em como se veste. No
lançamento, o ator usava uma calça escura, camisa xadrez discreta e o
brinco que colocou na orelha quando completou 55 anos como única
intervenção estética.
"Sou um mero ajudante do contador de histórias no negócio do cinema,
que sempre foi um negócio e sempre será", assegura. "Minha
responsabilidade é com as pessoas que me contratam e meu trabalho é
contribuir para criar o melhor produto possível para o público", disse
em entrevista.
"Esse é o único contexto no qual situo o que faço. Busco boas histórias,
desafios e gente boa para trabalhar", continuou o eterno Indiana Jones,
protagonista de alguns dos longas mais bem sucedidos do cinema.
Foi por isso que escolheu participar de "Ender"s Game - O Jogo do
Exterminador", embora Hood, ao ser perguntado sobre Ford, respondeu
entre gargalhadas, acrescentou outro fator: o dinheiro.
Roberto Orci, produtor que também esteve por trás de sagas como
"Transformers" e "Jornada nas Estrelas", se apressou em dizer: "Ele
(Ford) disse que era a primeira vez em muito tempo que lia algo de
ficção científica que tivesse uma mensagem, uma emoção, que não era um
típico filme de verão. É possível assistir e se divertir, mas também
falar e pensar. Isso o encantou".
E o ator confirmou. "O que me atraiu foi a história, a relação entre
Graff e Ender e a enorme responsabilidade moral que representa a prática
da guerra".
Ambientada em um cenário futurista, o filme conta a história de Ender,
um jovem que foi selecionado para participar de um programa de
preparação de líderes para enfrentar a guerra contra uma espécie
alienígena.
O personagem de Harrison Ford, Graff, é o principal responsável pela
seleção e formação de candidatos, que são tirados de seus lares ainda
são crianças.
"Acho que é um personagem duro, manipulador, mas também consciente e
assume as consequências de seu comportamento. Ele se sente responsável
pela preservação da vida na Terra, além de sua relação com Ender. É uma
historinha típica, mas interessante", explicou Ford.
Além da fantasia, o filme coloca questões éticas atuais, como o uso de
drones nos conflitos bélicos e a participação de menores de idade nas
guerras.
Quando entramos neste assunto, Harrison Ford abandonou a tranquilidade
com que levava a conversa e se movimentou por todo o resto da coletiva.
"É um filme no qual as consequências da violência são abordadas com
sutileza, embora não haja brigas ou perseguições. E o fato de não ter
isso é muito importante. Hoje em dia, um piloto de drone pode chegar ao
deserto de um país distante, matar combatentes e até civis e ir para sua
casa almoçar", aponta.
"Este é o mundo no qual vivemos. Pensemos nisso, falemos disso,
permitamos que nossos filhos compreendam e nos questionemos como nos
sentimos a respeito. Essa é a conversa essencial que temos que ter."
O filme estreou nos EUA na última sexta-feira e no Brasil em 13 de dezembro.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
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